quinta-feira, 5 de maio de 2011

O garoto do bar

O garoto do bar.

Uma bela e maluca história de amor, que por incrível que pareça, começou em um bar. Com prostitutas.
Porque Deus escolheu as coisas loucas desse mundo para confundir as sábias”

Após muito negociar com meus pais, finalmente consegui ir ao Hawaii. A adaptação foi um pouco complicada e quando eu finalmente me encaixei, era hora de partir. E eu não queria. Meus amigos iam fazer o prático no México e eu estava torcendo pra não conseguir tirar o visto para as Filipinas (mais tarde, descobri que brasileiros sequer precisam de visto para as Filipinas...). Deus tinha sido muito claro comigo para escolher o arquipélago, e no dia da escolha eu sequer cogitei outro lugar. Além das Filipinas serem o país mais perto da Indonésia – lugar que eu realmente me sinto chamada para fazer missões - , aleatoriamente, eu também conheci pessoas das Filipinas e comprei produtos feitos lá. Algumas semanas antes de partir, Bethany estava orando e Deus contou pra ela que eu conheceria alguém nessa viagem, no meio das prostitutas e pobres, e que com essa pessoa eu teria uma amizade como nunca tive antes e que cada conversa que tivéssemos seria transbordante de amor. Eu jamais pensei que podia ser ele.
Enquanto isso, Jesse Applegate estava no Japão, fazendo o DTS dele. Diferentemente do meu DTS, o foco era o Japão e pronto, teórico e prático no mesmo lugar. Por questões de visto, Jesse e o seu time precisaram sair do país por duas semanas e adivinhem, o Jesse não queria ir pras Filipinas. Um dia, na sala de oração da base da Jocum Japão, Deus falou com ele sobre quem seria a mulher dele. Contou que não seria ninguém do passado, nem do presente, ele conheceria alguém no futuro, nessa mesma jornada. Ele sabia que era Deus, mas estava um pouco impaciente.
Jesse já estava nas Filipinas por uma semana e n-a-d-a da mulher da vida dele aparecer... Na verdade, ele estava mais preocupado em pintar a parede da base da Jocum de Olongapo, comer, ler a bíblia e fazer a famosa 'llama face'. Até que finalmente, consegui escapar de Manila e ir para uma cidade mais limpinha... Eu tinha ido lá para escrever um livro para alertar o governo filipino sobre a prostituição ocorrente no país. Logo que cheguei, surgiram duas oportunidades: voltar para Manila para fazer algumas entrevistas, ou fotografar para o tal do time Japão no bar – e acreditem, o time Japão era realmente o time Japão, qualquer um saberia dizer quem era daquele time e quem era do Hawaii...embora talvez o Jesse fosse confundido com o time Hawaii e a Erika com o time Japão, mas enfim... Eu escolhi o bar. Depois de pegar um triciclo e entrar no jeepney que me dei conta “o que é que eu to fazendo aqui? São prostitutas, eu olho pra elas julgando quando vejo em Curitiba, o que é que eu to fazendo aqui? Deus, eu só quero olhar pra elas do jeito que você olha.”
No bar, a minha oração foi respondida e amar as meninas foi algo tão natural como o amor de Deus por nós. Porém, era mais fácil ainda porque as meninas não estavam dando em cima de mim e sim, do Jesse. Ele resolveu dar um tempo e conversar com alguém e por acaso, eu estava lá, sentada no bar, observando o movimento. Conversamos por alguns minutos – ou talvez muitos minutos - e foi uma conversa fácil, sincera e divertida.
Os dias na base se passaram e o Jesse nunca mais veio falar comigo. Até o último dia, na sua festa de despedida. Ele sentou do meu lado num balanço da base, mas ele jura que fui eu que sentei do lado dele... Tivemos outro agradável momento. Dessa vez, Jesse sentiu ao redor de mim algo que nunca sentira antes ao redor de ninguém, uma paz incrível e um sentimento de estar em casa. E orou assim “É assim que eu deveria me sentir quando eu estiver perto da minha esposa. Por favor Deus, deixe que a minha esposa seja alguém que faça com que eu me sinta assim ”. Ah, ironias do destino...
Aí ele escreveu um bilhetinho com o email dele, pra que eu pudesse mandar as fotos do bar. Mas algo dentro dele dizia que ele deveria escrever algo mais (Valeu, Deus!). O bilhetinho era assim:
“-Thanks! It was really fun talking to you, maybe you could add me on facebook? God bless you!” - “Obrigado! Foi muito divertido conversar com você, talvez você poderia me adicionar no facebook? Deus te abençoe”
Eu o fiz esperar algumas semanas, mas finalmente adicionei o Jesse no facebook e ele começou a mandar muitas mensagens para mim, as conversas começaram a fluir e as mensagens foram crescendo e crescendo e crescendo. Um dia, o assunto de Jesse ir ao Brasil surgiu, primeiro através de uma brincadeira com esperanças e depois com um sério acordo e os planos foram se consolidando. Uma vez, eu mandei 'xoxo' pra ele sem saber que na América, 'xoxo' pode fazer uma pessoa acreditar que você possivelmente gosta dela, enquanto no Brasil não significa muita coisa (o fato de mandar beijos e abraços). Mesmo sendo algo que aconteceu sem querer, Deus usou isso pro Jesse ter esperanças de que eu gostava dele.
Foi na cidade de Solana, Filipinas que conversamos pela primeira vez no skype. Jesse ainda estava no Japão, se preparando para voltar pra casa. Foi nesse mesmo dia que a Daniella, a minha amiga kiwi, descobriu que nós estávamos conversando intensamente. Algum tempo depois, ela me disse que quando eu contei sobre ele, ela já sabia que acabaríamos nos casando.
Enquanto eu ainda estava em Solana, Jesse tinha voltado aos Estados Unidos e numa conversa no Skype, ele apresentou a família dele e ainda tocou uma música no piano. Depois daquela conversa, tudo que eu conseguia pensar era “Ele é músico! Eu pedi a Deus por um músico!”
As diferenças de fuso-horário continuaram. Logo em seguida, voltei ao Hawaii e conversamos algumas vezes pelo Skype. Quando eu apresentei a Lily pro Jesse, ela contou pra ele: “A Erika não para de falar de você”, e nada de buracos pra eu enfiar a minha cara... Também foi lá que ele mostrou pela primeira vez a sua famosa 'llama face'. Durante todo o tempo no Hawai, eu só queria era contar tudo que acontecia para ele. A vontade não passou até que eu voltasse ao Brasil e permaneceu.
Jesse já sabia que iria ao Brasil antes do fim de 2010, porém, ainda não tinha me contado que gostava de mim. Um belo dia, a irmã dele, Micayla, perguntou se ele já tinha contado, ele falou que não, então ela falou que ele deveria contar. Aí o irmão dele, Micah, pelo skype, fez a mesma pergunta. Então Jesse orou a Deus e disse que iria contar os sentimentos dele, porém que se essa não fosse a vontade de Deus, que Ele evitasse que isso acontecesse.
Chegou a noite, e ele, depois de enrolar muito, ele me contou tudo. E eu também confirmei que gostava dele. O Jesse estava tão tímido que teve que digitar tudo! (Nota do Jesse: Na verdade, era tarde da noite para Erika e ela pediu pro Jesse não falar alto, e secretamente, ele estava feliz por isso, porque estava tímido). Depois disso, tivemos muitas conversas sobre o que fazer depois, quais eram as intenções do Jesse, blá blá blá e a nossa amizade cresceu ainda mais durante os dois meses em que esperávamos para nos ver novamente.
Durante o tempo que esperávamos, eu fui bem direta e falei pra Deus que se não fosse ele o cara, eu nem queria que ele viesse... mesmo que tudo o que eu queria no momento era ele chegasse logo.
Finalmente chegou o tal do 27 de novembro, dia em que o Jesse chegaria ao Brasil. Depois de buscá-lo no aeroporto, comecei a ter choque cultural. Como ele chegara em horário de almoço – e no Brasil almoço é um 'big thing' – fomos almoçar no costelão, em São José dos Pinhais. E adivinha quem estava lá? Tia Mari, Eloíse, Ivan e BATIAN! (Batian = avó em japonês). E o Jesse comeu tanto, tanto, tanto. E tomou guaraná, quase que direto da garrafa. Eu tive que segurar a mão dele... (Nota do Jesse: Na verdade, o Jesse parou sozinho, lembrando de alguma coisa que ele leu em um livro. Erika viu ele parando desajeitadamente) E aí, pra completar, ele foi falar com a Batian – EM JAPONÊS! - e ela, claro, imediatamente gostou dele.
O tempo em que Jesse passou no Brasil foi maravilhoso e o nosso relacionamento cresceu muito, principalmente pelo fato de que estavámos juntos todas as horas do dia. O começo foi muito difícil pra mim, eu ficava pensando se era isso mesmo que eu queria, principalmente quando via as diferenças culturais. Com o tempo, eu vi que valia pena.
Nós oficializamos o namoro no dia 2 de dezembro de 2010, poucos dias antes de um jantar de família que, por pedido da Batian, tivemos que comparecer – juntos. Todos na família ficaram muito impressionados com o Jesse, já que ele veio dos Estados Unidos só pra me ver e que ele falava em japonês.
Depois disso, a Batian deu um jantar pra família inteira de despedida para o Jesse. Nunca na história da família Hayashi (pelo menos que eu saiba), algo assim aconteceu, o que só me encheu de mais orgulho do meu menino.
E no dia 17 de dezembro ele partiu. Voltamos ao relacionamento de Skype e crescendo, crescendo e crescendo. Quando começamos a namorar, já sabíamos que a intenção de ambos era casar-se. Então, no Skype, já conversávamos sobre casamento e até apresentamos a ideia aos meus pais, além disso, já estávamos escolhendo o anel de noivado.
A minha intenção era fazer o tal do “Around the World Track” com o PhotogenX, mas acabou que o meu pai não concordou em me deixar partir de novo. Nesse caso, eu quis visitar o Jesse. E deu certo, só tinha um problema, visto! A fila do visto em São Paulo estava para março de 2011 e eu precisava do visto pra fevereiro. Nós oramos juntos para que Deus me favorecesse com um horário para tirar o visto. Ainda assim, eu não conseguia marcar a data, então falei pra Deus: “Poxa Deus, não é da tua vontade que eu vá?”. Aí, lógico, Deus que não é nem um pouco devagar respondeu e uma vaga foi aberta para dali a dois dias! Sem nem pestanejar na falta de documentos marquei o horário. Então oramos para que Deus me favorecesse com as pessoas da embaixada e que eles mandassem o passaporte rapidamente. Mesmo tudo dando errado, eu sabia que aquilo tinha sido de Deus e que mesmo com a faculdade trancada e sem emprego eu conseguiria tirar o visto. E assim aconteceu, tirei o visto sem responder com que dinheiro iria e com nenhuma outra complicação, além disso, ganhei um visto de turista de 10 anos que chegou em Curitiba em dois dias.
O tempo passou e eu finalmente cheguei lá. Vê-lo de volta pela primeira vez foi um pouco estranho, mas nada que um pouco de tempo juntos não curasse. Vê-lo em seu ambiente normal foi completamente diferente de vê-lo no Brasil e me deixou cada vez mais apaixonada por ele. Conhecer a família dele foi fácil e a cada dia eu tinha mais certeza de que era ele quem eu queria. Cada pequena atitude dele, de cuidar de mim quando eu estava meio desidratada por causa do ar seco, de fazer o café da manhã, de carregar as minhas coisas, de querer sempre fazer o melhor pra mim me deixava mais e mais apaixonada.
Fizemos diversos planos, de uma casa grande, com quintal para as crianças brincarem e uma vida pacata. No dia 28 de fevereiro, reencontramos o nosso chamado, a razão pela qual Deus nos colocou juntos, o chamado missionário. Nesse mesmo dia, Jesse planejava me levar para almoçar no Tea House, em Boulder. E ele teve a 'brilhante' ideia de me mandar colocar um vestido, um salto, que ele colocaria uma camisa social e tal pra ir almoçar lá. Eu vi que aquilo era MUITO estranho e pedi pra ele não fazer nada engraçado no restaurante – tipo, pedir em casamento, quer coisa mais manjada? Num restaurante? - e pedi também pra gente não usar aquelas roupas. Chegando no restaurante, todo feito à mão, pintado e esculpido, conversamos sobre missões, lugares e pedimos um prato Indonésio, já que este é um lugar que nos sentimos chamados para ir. Depois do almoço, já era quase hora do entardecer e o Jesse queria me levar a uma montanha.
Então ele começou a agir estranho de novo, dizendo que precisava chegar lá antes que escurecesse, e que tinha que ser “naquele” lugar. Dirigimos, dirigimos, dirigimos... e finalmente, chegamos! Ainda bem que eu tinha um tênis no carro, porque seria impossível chegar até lá usando salto alto. Chegamos no tal do lugar e estava ventando muito, tanto que Jesse teve que bloquear o vento para mim. E lá, num dos lugares mais lindos do mundo, de onde pode-se ver as Montanhas Rochosas e a cidade de Boulder, aliado a um por-do-sol cor-de-rosa, ele começou. Primeiro, tocou na sua flauta uma música que ele mesmo compôs pra mim. Interessante que antes de tocar, ele pediu pra Deus parar o vento e ele parou. Assim que ele acabou de tocar, o vento recomeçou, aí o Jesse pediu pra Deus parar o vento por um pouco mais e assim aconteceu. Então o Jesse leu a proposta dele e fez a tão esperada pergunta: Você quer se casar comigo? - assim, em português mesmo. E eu, é claro, aceitei!
Agora, ansiosamente, nós aguardamos até o dia em que Deus nos colocará juntos novamente, e mais ainda, pelo dia em que Ele nos colocará juntos para sempre.

Observações: tem gente que fala pras meninas – principalmente – fazerem listas do que elas querem nos futuros maridos. Eu totalmente encorajo a fazer a lista! Coisas que eu pedi, e que o Jesse é: ele é exatamente 15 cm mais alto do que eu; ele não é apenas cristão, ele tem um relacionamento com Jesus, o que é bem diferente; ele tem uma 'barbinha sexy de modelo'; ele é músico; ele gosta de viajar; e muitas outras coisas que eu nem sabia que eu queria em um homem e Deus atendeu. Deus conhece o teu coração e quer te dar o melhor (:

Inspirada por Deus, escrita por Erika, opinada por Jesse.

5 comentários:

  1. Que lindo tudo isso *-* hehe

    Aninha.

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  2. aaaaaah, que lindoooo primaa!!!
    adorei o texto, a históriaa e tudo!!
    =D
    felicidades imensas ao casaaal..
    e que venha o casório.. hahaha

    beeijoo
    Carol H.

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  3. Benção pura e sem mistura.

    Deus vos abençoe

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  4. Isso ficou bem melhor que qualquer roteiro da Robin Jones Gunn!

    Podemos filmar?

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  5. Lógico! Essa é de verdade (:

    Podemos. Quando começa?
    Acho que devíamos começar no Hawaii... mostrando uma oração que eu fiz... hahahahahahhaha que achas?

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